Sandálias de aluguel - Por: Adaelson Alves Silva

 

Dr. Adaelson Alves Silva, piritibano, radicado no Paraná, médico Nefrologista. E autor do lindo texto "A Lapinha de Dona Terta".

Veja o sexto episódio da Série "Um Dedo De Prosa".

VEJA "Sandálias de aluguel"

Estamos vivendo os primeiros dias do esperando “Ano Novo”. O que passou não deixou muita saudade. É certo também que não podemos deixar de agradecer por estarmos aqui (num linguajar médico)  “respirando sem ajuda de aparelhos, lúcido , orientando   e com os dados vitais dentro da normalidade”.. A esperança em  que dias melhores virão me animam a contar mais uma”prosa” dos meus tempos de infância na querida Piritiba. Vamos ao caso: 

 

Aos olhos de criança, uma enorme praça. A Praça Getúlio Vargas. Terra a perder de vista. Em um dos seus quatro lados ficava o Bar Central, vizinho dos Correios e telégrafos. Era ali que elas ficavam. As bicicletas de aluguel. “Marta Rocha” era a preferida pela garotada. Bicicleta de aprendiz. Sem quadro. Bicicleta de moça de aluguel.


Não, meu senhor. De aluguel era apenas a bicicleta de Celso de Camerindo. A moça, não.  

 

Bicicleta para alugar tem até hoje neste mundo de meu Deus. O que eu nunca mais vi é o que passo a relatar. 

 

O certo é que a novidade foi trazida pela filha do farmacêutico Raimundo Lopes. E não estou aqui a falar sobre nenhum medicamento milagroso. Estou falando de uma sandália diferente, a sandália japonesa (não era a havaiana, a que não soltava as tiras e não tinha cheiro). 

 

O sucesso foi tão grande que, Rúbia, a filha do farmacêutico, alugava as ditas cujas para quem quisesse dar umas voltinhas no vai-e-vem, point da juventude piritibana da época.  Concorrência sentida nos bolsos de Celso de Camerindo. 

 

Moema, Miriam , Lineuza e Edileuza deixavam de gastar os seus trocados na compra dos doces de leite de dona Orminda do Sobradinho, por umas voltinhas nas sandálias japonesas usadas. 

 

E quem disser que não foi cliente das sandálias de Rúbia, filha do farmacêutico, que atire a primeira pedra, ou pague o que ficou devendo e, cuidadosamente, anotado na caderneta de fiados de D. Orminda.

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