Dr. Adaelson Alves Silva, piritibano, radicado no Paraná, médico Nefrologista. E autor da crônica "Omelete".
Veja mais um episódio da Série "Um Dedo De Prosa".
Aos nossos olhos, Zé Garapa e Chico Batista, por meio de suas atividades comerciais diversificadas e ecléticas, foram os precursores daquilo que, mais tarde, desaguaria na moderna técnica da atividade varejista: o supermercado.
Ali conviviam, pacificamente, o fumo de rolo e o tubo de linha, a moringa de barro e o sabonete Vale Quanto Pesa, a vassoura de piaçaba e o cigarro Continental sem filtro. Dispunham também da pasta dental Collipe, pente de osso e de matéria plástica, espelho de bolso oval com foto de mulher sem roupa. Para os mais chegados, Zé Garapa tinha uma coleção de livros do premiado autor Carlos Zéfiro, preferido pelos adolescentes ginasianos e, até mesmo, pelas normalistas. Diziam também, que vendia o único produto que Deus não fez: a cuia. Ele criou a cabaça, e o homem, com a sua inteligência, fez a cuia, argumentava o comerciante. Já Chico Batista, com muita paciência e astúcia, só não ganhou o troféu de "comerciante do ano", porque ainda não o tinham criado.
Numa tarde ensolarada, Chico Batista recebe em seu estabelecimento, um freguês desconhecido, que sem ao menos cumprimentar o proprietário, já foi perguntando:
- O senhor tem manga pra vender?
- Não tenho não, meu filho. O que eu tenho não é manga, é favo de mel de tão doce.
É bom que se diga, que na verdade, o freguês não estava ali para comprar nada. Era um vivaldino, amigo do alheio, que estava disposto a subtrair alguma coisa da bodega do comerciante, que não era mulher, mas tinha um sexto sentido aguçado e, de cara, desconfiou da intenção do outro.
Vai daí, que o meliante pensou que Chico Batista estava distraído e apanhou dois ovos de galinha, que estavam dentro de um cesto sobre o balcão e colocou no bolso direito da calça. Quando tentou sair do estabelecimento, Chico Batista saiu de trás do balcão, aproximou-se do freguês e disse:
- Oh, homem, tu não “vai” levar nada não?
- Hoje não. Outro dia eu volto.
- Gasta um pouco desse dinheiro, disse Chico, batendo com a mão no bolso direito do freguês, transformando os ovos em omelete.
3 Comentários
Chico Batista, comerciante atento com seus fregueses.Piritibano correto.
ResponderExcluirKkkkkkk e la se foi o larápio melado kkkkkk
ResponderExcluirChico Batista não era besta não.
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