Dr. Adaelson Alves Silva, piritibano, radicado no Paraná, médico Nefrologista. E autor da crônica "Lavou a Égua".
Veja mais um episódio da Série "Um Dedo De Prosa".
Hoje é domingo, um domingo frio, anunciando a chegada do São João. Este ano, em função da pandemia, não vou a Piritiba rever os meus amigos e familiares. Isso, sem dúvidas, é motivo de tristeza.
Estou aqui sentado em frente à tela do computador para escrever algo para vocês. Na semana que passou nós falamos sobre a expressão “feito nas coxas”. Hoje eu vou aproveitar e falar sobre outra: “Lavar a égua”. A informação que passo a relatar está no livro escrito por Fabrício Rodrigues. Vamos aos fatos.
Reza a lenda que os escravos que trabalhavam nas minas de ouro de Minas Gerais, utilizavam mulas e éguas para fazer o transporte de pedras para fora das minas. Como estas pedras eram pontiagudas era muito comum que estas ferissem o lombo dos animais, o que atraia muito insetos.
Na África, algumas tribos usavam argila em suas peles para se protegerem dos insetos. Pois bem, esta técnica foi trazida para Minas Gerais e os escravos passaram a utilizá-la nos animais, com a desculpa dos mesmos não serem incomodados pelos insetos. Na verdade, é bom que se diga, a intenção era esconder pequenas pepitas de ouro entre a argila e a pele dos animais pois, ao final do dia, um escravo era escolhido para fazer a limpeza de todos os animais sujos. Desta forma, o escravo “lavava a égua” e coletava todo o ouro escondido para comprar a sua carta de alforria. Com esta estratégia, muitos escravos conseguiram a sua liberdade, literalmente, lavando a égua.
“Lavar a égua” passou a ser usada como sinônimo de uma pessoa que teve sorte ou se deu bem em alguma situação.
Para encerrar a nossa prosa, vou perguntar a você, caro leitor: na semana passada você “lavou a égua”?
Quero aproveitar a oportunidade, para agradecer a minha prima Celma Aquino que, pacientemente, revisa os meus textos.
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