A Fuga Frustrada | Por: Adaelson Alves Silva


Dr. Adaelson Alves Silva, piritibano, radicado no Paraná, médico Nefrologista. E autor da crônica "A Fuga Frustrada".

Veja mais um episódio da Série "Um Dedo De Prosa"

Toda cidade que se preze tem os seus loucos, soldados, raparigas, velhas fuxiqueiras, pederastas, etc. e tal. Piritiba se encaixava neste contexto.

Hoje estou a me lembrar de uma figura folclórica da cidade. Se não era doente dos pés, o mesmo não podemos falar das faculdades mentais de “Cabecinha de Aio”. A vantagem é que na sua “doidura” não incomodava ninguém. Quando ficou agressivo, a família, com ajuda de amigos, providenciou o seu internamento no Manicômio de Feira de Santana.

Pois bem, alguns meses depois, após medicação adequada, Cabecinha de Aio ficou calmo e sereno. Estava tão bem que, de conluio com outro doido, resolveu planejar uma fuga. Tudo combinado para acontecer no sábado.                   

Durante toda a semana, eles pulavam o muro e voltavam para o interior do Hospício. Era apenas o treino para o grande dia.

Na sexta-feira, véspera do dia da fuga, choveu forte na madrugada. Chuva de mais de metro. Cabecinha de Aio acordou e mandou o parceiro olhar se estava tudo limpo para a fuga. O doido amigo foi lá e voltou com cara de desanimado, dizendo:

- Não vai dar para fugir, não.

- Oxente, por que não vai dar?

- É que a chuva derrubou o muro.



 

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