Toda cidade que se preze tem os seus loucos, soldados, raparigas, velhas fuxiqueiras, pederastas, etc. e tal. Piritiba se encaixava neste contexto.
Hoje estou a me lembrar de uma figura folclórica da cidade. Se não era doente dos pés, o mesmo não podemos falar das faculdades mentais de “Cabecinha de Aio”. A vantagem é que na sua “doidura” não incomodava ninguém. Quando ficou agressivo, a família, com ajuda de amigos, providenciou o seu internamento no Manicômio de Feira de Santana.
Pois bem, alguns meses depois, após medicação adequada, Cabecinha de Aio ficou calmo e sereno. Estava tão bem que, de conluio com outro doido, resolveu planejar uma fuga. Tudo combinado para acontecer no sábado.
Durante toda a semana, eles pulavam o muro e voltavam para o interior do Hospício. Era apenas o treino para o grande dia.
Na sexta-feira, véspera do dia da fuga, choveu forte na madrugada. Chuva de mais de metro. Cabecinha de Aio acordou e mandou o parceiro olhar se estava tudo limpo para a fuga. O doido amigo foi lá e voltou com cara de desanimado, dizendo:
- Não vai dar para fugir, não.
- Oxente, por que não vai dar?
- É que a chuva derrubou o muro.
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