Damião, Cabra da Peste | Por: Adaelson Alves Silva


Dr. Adaelson Alves Silva, piritibano, radicado no Paraná, médico Nefrologista. E autor da crônica "Damião, Cabra da Peste".

Veja mais um episódio da Série "Um Dedo De Prosa".


Durante toda a nossa infância e adolescência convivemos muito de perto com o flagelo da seca. Se fosse contar todas as nossas agruras motivadas pela falta d’água é quase certo que, de lágrimas encheríamos o oceano. 

 Acho que foi na década de 60 que uma grande seca assolou os estados de Sergipe, Alagoas e Pernambuco. Com a seca veio a fome e a miséria. Muitos dos nossos patrícios chegaram a Piritiba e a outras cidades vizinhas, em caminhões apinhados de fome, sede, sofrimento e esperança de uma vida melhor. Vou pular uma boa parte desta história, para falar de um paraibano que veio nesta leva. Tô falando de Damião, baixinho, cabeça avantajada, ventre saliente e muito valente. Um tipo que de nada se parecia com os seus conterrâneos ordeiros e trabalhadores. Damião era chegado numa lambança. Vai daí que ele, numa discussão aparentemente boba, escondeu por várias vezes a sua peixeira no ventre de um desafeto, que não resistiu aos inúmeros ferimentos e partiu para o outro mundo. Damião não saiu do lugar da briga e foi preso.  Durante o interrogatório o delegado perguntou:

- Por que você matou o homem, Damião?
- Matei ninguém não, doutô!!!
- E quem foi então?
- Na verdade eu só fiz os furos. Quem mata é Deus.

 

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