Dr. Adaelson Alves Silva, piritibano, radicado no Paraná, médico Nefrologista. E autor da crônica "O meu dinheiro você não leva".
Veja mais um episódio da Série "Um Dedo De Prosa".
A inauguração da primeira agência bancaria em Piritiba ocorreu no ano da graça de 1954. Foi uma grande festa para a nossa cidade. Imagine você que as pessoas guardavam as suas economias em baixo do colchão e os mais abastados, às vezes, em cofres. A sede da agencia do Banco da Bahia foi instalada em um prédio da Rua dos Ricos, gentilmente cedida por Antiacho Lima. O primeiro gerente foi o Sr. Davino Tiete, que teve a incumbência de escolher como colaboradores : Antenor de Lelinha, Ismael Borges.Pois bem, o gerente arregaçou as mangas e saiu em busca de clientes para o banco. Não foi uma tarefa fácil, você deve imaginar. O povo muito desconfiado desta modernidade. Falando num português mais claro: não confiava em deixar o seu dinheirinho suado para o banco cuidar.O tempo passou e o povo foi se acostumando com a novidade. Muita gente passou a ser correntista do banco.Um dia Davino Tiete ficou sabendo que Venâncio, um fazendeiro local, tinha vendido 300 cabeças de gado e que a dinheirama toda estava guardada em sua casa. Não teve dúvidas e foi procurar o fazendeiro. Depois de horas de boa conversa conseguiu convencê-lo a ser correntista da casa bancaria.Num sábado o fazendeiro apareceu para fazer o seu primeiro depósito. Parou o cavalo em frente da agência e desceu carregando dois alforjes entupidos até a boca de dinheiro. Foi recepcionado no balcão pelo gerente, que de posse dos alforjes foi providenciar a contagem da dinheirama. Espalhou o dinheiro em cima de uma mesa e junto com mais dois auxiliares começaram a contar o dinheiro separando o que estava contado em outra mesa. Vai daí que Erundino Neves, outro fazendeiro local, entrou no Banco e encontrando Venâncio no balcão fez questão de cumprimenta-lo além de parabenizar por ser o mais novo correntista do banco. Feito isso chamou o gerente e solicitou que descontasse um cheque que trazia em mãos. Davino Tiete não teve dúvidas em pagar o cheque de Erundino com o dinheiro de Venâncio que já tinha sido contado e conferido.Quando o gerente foi entregar o dinheiro para Erundino, seu Venâncio, com agilidade de um gato, tomou o dinheiro da mão do cliente dizendo: este dinheiro é meu. Trouxe aqui para guardar no Banco. Então o banco que arrume outro dinheiro para lhe dar. O meu é que você não leva."
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