Com a expansão do agronegócio na caprinovinocultura, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento criou o Programa Nacional de Sanidade de Caprinos e Ovinos (PNSCO). Este programa tem como objetivo controlar e erradicar doenças nessas espécies por meio de ações sanitárias e de vigilância epidemiológica, que incluem o cadastro sanitário de estabelecimentos, o controle de trânsito dos animais e a certificação voluntária das propriedades.
A linfadenite caseosa, ou pseudotuberculose, também conhecida como mal do caroço, é uma doença crônica que afeta principalmente ovinos e caprinos, causada pela bactéria Corynebacterium pseudotuberculosis. Esta bactéria possui a capacidade de sobreviver por longos períodos no ambiente, facilitando sua disseminação. A infecção ocorre quando a bactéria penetra no organismo dos ovinos através de lesões na pele ou membranas mucosas, podendo também ser transmitida por fômites e vetores mecânicos como moscas. O período de incubação para o aparecimento dos abscessos pode variar entre 25 e 147 dias ou mais, o que faz com que a doença seja geralmente notada em animais mais velhos.
A transmissão da linfadenite caseosa se dá principalmente pelo contato direto com lesões purulentas de animais infectados. A bactéria é liberada no ambiente através da ruptura dos abscessos, contaminando solo, água, alimentos e equipamentos. Tosse e secreções respiratórias de animais infectados também podem disseminar a bactéria. A contaminação de feridas durante o manejo dos animais, como tosquias, cortes e vacinação com instrumentos não esterilizados, é uma via importante de transmissão.
Os sintomas da linfadenite caseosa incluem a formação de abscessos nos linfonodos superficiais e, ocasionalmente, nos órgãos internos. Nos ovinos, os linfonodos parotídeos, submandibulares e pré-escapulares são os mais comumente afetados. Esses abscessos são inicialmente firmes, mas se tornam amolecidos e podem romper, liberando um material purulento espesso e caseoso. Outros sintomas podem incluir perda de peso e febre. Em casos graves, pode haver envolvimento de órgãos internos, levando a dificuldades respiratórias, problemas digestivos e até morte.
O tratamento da linfadenite caseosa é desafiador devido à resistência da bactéria e à cronicidade da infecção. O manejo geralmente envolve a drenagem e limpeza dos abscessos, embora isso possa aumentar o risco de contaminação ambiental. Antibióticos, como penicilina e rifampicina, podem ser utilizados, mas são frequentemente ineficazes devido à natureza encapsulada dos abscessos. A vacinação é uma estratégia preventiva importante, embora não elimine a infecção, reduzindo a gravidade dos sintomas e a disseminação da doença.
Não existe ainda um tratamento eficaz para a cura da linfadenite caseosa, mas a profilaxia e o controle são cruciais para evitar a disseminação da doença no rebanho. Algumas medidas importantes e eficazes incluem isolar os animais doentes com lesões supuradas e remover os abscessos, descartar os animais positivos do rebanho, incinerar todo material caseoso para evitar que permaneça como fonte de infecção no ambiente, desinfectar as instalações com vassoura de fogo e impedir que fêmeas positivas amamentem seus filhotes, devido ao risco de transmissão pelo leite.
A linfadenite caseosa causa perdas econômicas significativas na ovinocultura. As consequências incluem a redução na produção, perda de peso dos animais, aumento dos custos veterinários e a necessidade de manejo intensivo para controle da doença. Além disso, a presença de abscessos pode levar à condenação de carcaças em abatedouros, resultando em perdas diretas para os produtores. A limitação no comércio de animais infectados também impacta negativamente a economia, já que a doença pode restringir a movimentação e venda de ovinos.
Portanto, a linfadenite caseosa é uma doença desafiadora para os produtores de ovinos, exigindo medidas rigorosas de controle e prevenção. A identificação precoce, o manejo adequado dos animais infectados e a implementação de programas de vacinação são fundamentais para mitigar os impactos dessa doença. A conscientização sobre as formas de transmissão e a importância da higiene no manejo animal são essenciais para reduzir a prevalência e as consequências econômicas da linfadenite caseosa.
ZooVet em Pauta com Dr. Alessandro Machado | Ep. 11
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