A ovinocultura brasileira se consolida como uma criação importante devido à sua praticidade e facilidade de manejo, exigindo pouca infraestrutura e não necessitando de mão de obra especializada constantemente. No entanto, a utilização de animais com baixo potencial genético, sistemas de produção predominantemente extensivos e a falta de estruturação da cadeia produtiva têm resultado em baixos índices zootécnicos, tornando a ovinocultura menos competitiva em comparação com criações consolidadas como aves, suínos e bovinos.
Atualmente, existem vários pacotes tecnológicos direcionados à ovinocultura de corte no Brasil, nas áreas de reprodução, alimentação, sanidade e manejo. Entretanto, essas tecnologias não têm sido utilizadas de forma intensiva, o que não tem promovido grandes impactos na produtividade. Um dos principais motivos dessa ineficiência está nos grupos genéticos para os quais essas ferramentas são direcionadas. Para o desenvolvimento da ovinocultura de corte no Brasil, é necessária a seleção de animais geneticamente superiores para os diversos ecossistemas do país.
Apesar de ser uma criação tradicional no Brasil, especialmente nas regiões Sul e Nordeste, a ovinocultura, apesar dos esforços, ainda não conta com um programa de melhoramento genético eficiente e atuante. No final da década de 1970, visando melhorar a qualidade e quantidade da lã produzida, começaram as primeiras avaliações dos ovinos brasileiros apenas em propriedades do Rio Grande do Sul. O PROMOVI (Programa de Melhoramento Genético dos Ovinos) avaliou mais de trinta mil reprodutores para a produção de lã e carne.
Atualmente, há tentativas de mudar a situação do melhoramento de ovinos no Brasil, como o Programa de Melhoramento Genético de Ovinos da Raça Santa Inês (PROMOSI) da EMEPA, inserido no projeto Melhoramento Genético da Raça Santa Inês para Produção de Carne da Embrapa Caprinos; o Programa de Melhoramento Genético da Raça Santa Inês desenvolvido em parceria entre a Associação Sergipana de Criadores de Caprinos e Ovinos e o Grupo de Melhoramento Animal da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos da USP; e o Programa de Melhoramento Genético de Caprinos e Ovinos de Corte (GENECOC) da Embrapa Caprinos.
Apesar de todo o empenho para alavancar os programas de melhoramento genético de ovinos, especialmente de corte, ainda há uma série de dificuldades que impedem seu pleno desenvolvimento, como a falta de investimento no setor, a desorganização da cadeia produtiva, a ausência de escrituração zootécnica nas fazendas produtoras, a falta de padronização dos produtos e a existência de nichos específicos para a carne devido a questões culturais, resultando em um consumo de aproximadamente 0,7 kg por habitante por ano, valor muito baixo comparado ao consumo de outras carnes como bovina, suína e aves.
A ovinocultura no cenário nacional mostra-se promissora, mas algumas barreiras precisam ser superadas, como o baixo consumo de sua carne. Estratégias devem ser adotadas para tornar os produtos da ovinocultura competitivos, confiáveis e seguros para os consumidores, atraindo assim mais investimentos ao setor e garantindo seu progresso.
ZooVet em Pauta com Dr. Alessandro Machado | Ep. 10
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